A proteína um dos macronutrientes importantes na alimentação dos animais monogástricos, como suínos, aves e até mesmo os humanos. Esses compostos são fundamentais para a construção e manutenção dos tecidos corporais, produção de enzimas, hormônios e anticorpos, além de participarem de funções metabólicas essenciais. No entanto, para que o organismo aproveite plenamente esses nutrientes, é necessário que ocorra sua correta digestão e absorção.
Nesta matéria, abordaremos como ocorre a digestão de proteínas em monogástricos, quais são as etapas principais desse processo, o papel do estômago e as enzimas mais relevantes envolvidas no processo.
Como as proteínas são digeridas nos monogástricos?
A digestão de proteínas em animais monogástricos é um processo complexo, que se inicia ainda na boca, com a mastigação, embora essa etapa atue apenas na redução do tamanho físico dos alimentos, sem atuação enzimática ou química. A verdadeira quebra das moléculas proteicas começa no estômago e se estende até o intestino delgado, onde ocorre a absorção por células.
Diferente dos ruminantes, que contam com a ação de microrganismos no rúmen para fermentar e degradar nutrientes, os monogástricos dependem quase exclusivamente da ação enzimática. Isso significa que todo o aproveitamento das proteínas dependerá da ação eficiente de enzimas produzidas pelo próprio organismo, além de um ambiente adequado no trato digestório.
A função do estômago: desnaturação das proteínas
O estômago é o primeiro local onde a digestão química das proteínas realmente ocorre. Nele, o ambiente ácido (com pH em torno de 2) desempenha um papel fundamental: a desnaturação das proteínas.
A desnaturação é um processo pelo qual as estruturas tridimensionais das proteínas são desfeitas, tornando-as mais acessíveis à ação das enzimas digestivas. Isso acontece graças à secreção de ácido clorídrico (HCl) pelas células parietais da mucosa gástrica. Além de desnaturar as proteínas, o HCl ativa a pepsina, a principal enzima proteolítica do estômago (a forma inativa e sem contato com o ácido, é denominada pepsinogênio.
Principais enzimas envolvidas na digestão de proteínas
A digestão proteica em monogástricos depende de várias enzimas que atuam em diferentes fases do trato digestivo. Alguns exemplos que se destacam, são:
Pepsina: É enzima ativa no estômago, responsável pela quebra inicial das proteínas em fragmentos menores chamados peptídeos. O estômago secreta essa enzima na forma inativa de pepsinogênio, e o ácido a ativa.
Tripsina e Quimotripsina: produzidas pelo pâncreas e ativadas no intestino delgado, continuam a degradação dos peptídeos em peptídeos menores e aminoácidos.
As carboxipeptidases e as aminopeptidases finalizam a quebra dos peptídeos em aminoácidos livres nas bordas das vilosidades intestinais, permitindo que as células intestinais (enterócitos) os absorvam e os transportem para a corrente sanguínea.
É importante destacar que essas enzimas são específicas, cada uma atuando em tipos específicos de ligações peptídicas, garantindo uma digestão eficaz, e que mudanças de pH podem desnatura-las, perdendo sua função original.
Conclusão:
A digestão de proteínas em monogástricos é um processo vital para garantir o aproveitamento dos aminoácidos necessários à manutenção e crescimento do organismo. A compreensão desse mecanismo é essencial tanto para formuladores de rações quanto para profissionais da zootecnia e nutrição animal.
Ao entender como cada etapa ocorre e quais enzimas estão envolvidas, é possível otimizar dietas, melhorar o desempenho zootécnico e reduzir perdas nutricionais, contribuindo para uma produção animal mais eficiente e sustentável.
Referência: EMBRAPA Suínos e Aves (2020).
Publicado: 28/07/2025
Escrito por: Paulo Vitor Muguet de Oliveira (UFRRJ
Email: vitor.muguet@hotmail.com
Excelente matéria! Explica de forma muito clara como funciona a digestão de proteínas nos animais monogástricos, algo essencial para quem trabalha ou estuda nutrição animal. Gostei especialmente da forma como detalharam o papel das enzimas e do estômago nesse processo. Informações como essas ajudam muito na hora de pensar em dietas mais eficientes e no bom desempenho dos animais. Parabéns pelo conteúdo!
Obrigado, meu amigo! Fico feliz que tenha sido útil. Continue acompanhando para mais conteúdos interessantes do Ruralidades!