A nutrição animal é um dos pilares fundamentais da produção pecuária, como citado nas matérias complementares do site, influenciando diretamente o crescimento, a saúde, a eficiência reprodutiva e a qualidade dos produtos de origem animal derivados. Um plano nutricional bem equilibrado é essencial para garantir o máximo desempenho produtivo, reduzir custos e mitigar impactos ambientais.
Importância do balanceamento nutricional
Os animais necessitam de uma dieta equilibrada que forneça proteínas, energias, minerais e vitaminas em quantidades adequadas (micro e macronutrientes). O desbalanço nutricional pode levar a deficiências ou excessos que comprometem o desempenho produtivo.
Por exemplo, bovinos de corte que recebem dietas desbalanceadas podem apresentar crescimento reduzido e menor rendimento de carcaça. Em vacas leiteiras, a deficiência de energia na dieta pode levar à hipocalcemia, impactando a produção de leite. Em aves e suínos, o fornecimento inadequado de aminoácidos essenciais afeta a conversão alimentar e o ganho de peso.
A nutrição também está diretamente ligada à imunidade. Deficiências de selênio e vitamina E, por exemplo, podem aumentar a susceptibilidade a doenças, comprometendo a taxa de sobrevivência e a eficiência produtiva dos animais.
Aspectos econômicos da nutrição animal
O custo da alimentação representa a maior parcela dos gastos na produção animal, podendo corresponder a 60-70% do custo total. Portanto, a formulação de dietas eficientes é essencial para otimizar os recursos econômicos. O uso de subprodutos agroindustriais, como farelo de soja, resíduos de cervejaria, casca de arroz e outros subprodutos não convencionais, podem reduzir custos sem comprometer a qualidade nutricional. Deve-se sempre optar pela disponibilidade dos ingredientes para composição da dieta na região para reduzir gastos com fretes.
A nutrição também está diretamente ligada à conversão alimentar. Quanto mais eficiente for a conversão de alimento em carne, leite ou ovos, menor será o custo de produção e maior será a rentabilidade. Por exemplo, em frangos de corte, avanços na nutrição e seleção genética reduziram o tempo de abate de 70 para cerca de 42 dias nas últimas décadas, aumentando a eficiência produtiva.
Sustentabilidade e emissão de gases de efeito estufa
O impacto ambiental da pecuária está diretamente relacionado à eficiência nutricional. Em ruminantes, a fermentação entérica no rúmen resulta na produção de metano (CH4), um dos principais gases de efeito estufa. Dietas com maior teor de fibras tendem a gerar mais metano do que dietas baseadas em grãos.
Estratégias nutricionais como o uso de aditivos (ionóforos, taninos e leveduras) e a inclusão de lipídeos na dieta ajudam a reduzir a emissão de metano. Além disso, práticas como a suplementação a pasto e o manejo eficiente das forrageiras melhoram a digestibilidade da dieta e reduzem a pegada de carbono da pecuária.
Exemplo prático
No Brasil, estudos conduzidos em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) mostram que o manejo nutricional adequado pode reduzir significativamente as emissões de carbono. Bovinos criados em pastagens bem manejadas e com suplementação adequada apresentam melhor ganho de peso e reduzem o tempo de abate, o que diminui a emissão total de metano por animal ao longo da vida.
Conclusão
A nutrição animal é um fator crucial para a produtividade e sustentabilidade da pecuária. Um planejamento nutricional adequado melhora o desempenho dos animais, reduz custos de produção e mitiga impactos ambientais. Investir em estratégias nutricionais inovadoras é essencial para garantir um sistema produtivo eficiente e responsável, assim como um zootecnista especializado na área.
Escrito por: Paulo Vitor Muguet de Oliveira (UFRRJ)
Referências:
EMBRAPA
Publicado: 09/07/2025